domingo, 29 de julho de 2012

De cabo a rabo. Parte 2


Nagorno Karabach 

Breve resenha histórica do conflito.

Antes de estalar a guerra em Karabach, Arménios e Azeris (habitantes do Azerbaijão) conviviam em paz nos dois territórios. Os primeiros desencontros destas duas culturas dão-se nos inícios do Séc. XIX com a chegada de ideologia nacionalista vinda da Europa. Em 1905 as verdadeiras tensões étnicas dão-se em Baku (capital do Azerbaijão), Arménios e Azeris opõem-se em verdadeiras batalhas campais.
Em 1918, aproveitando a confusão da Rússia pós revolução Bolchevique de Outubro de 1917, Arménia, Geórgia e Azerbaijão declaram idependência. Imediatamente após, Arménia e Azerbaijão lançam-se em duras batalhas para controlar territórios como Nakchivão, Zangezur e Karabach. Nakchivão foi ganha por Azeris e Zangezur e Karabach por Arménios.
Quando a Rússia se volta a organizar, regressa ao Cáucaso. Numa primeira instância, respeita as fronteiras de Karabach, mas numa forma de retaliação a protestos anti-bolchevique em Yerevan, a Rússia inclui Nagorno Karabach no território Azeri, castigando os Arménios, mas a população de Karabach continua maioritariamente Armena.
Durante os seguintes 70 anos de URSS as relações entre os governos das duas repúblicas seguiu estável sob o controlo de Moscovo.
No entanto, os Arménios nunca esqueceram o seu território. Esperaram durante decénios, houve movimentos clandestinos pró unificação durante décadas.
Em 1988, antes da queda do muro, na praça Lenine de Stepanakert (capital de Karabach), um pequeno grupo de Arménios residentes manifestou-se pela unificação com a Arménia. Um dia mais tarde, um milhão de pessoas toma as ruas de Yerevan (capital da Arménia) para pedir a reunificação e obtêm a aprovação do Soviete da Arménia; Moscovo é apanhado de surpresa e o que parece ser um problema menor rapidamente acende o rastilho.
A mecha do conflito acende-se definitivamente na cidade de Sumgayit (Azerbeijão)  com a chegada de Azeris expulsos de Meghi (Arménia) e Kafan (Karabach) por Arménios. A população local, exaltada com os relatos dos compatriotas que chegavam, iniciou um massacre aos Arménios, sem que as autoridades locais interviessem. 14 000 Arménios fugiram de Sumgayit  e o mesmo começou a acontecer noutras cidades. Os acontecimentos foram-se precipitando e no fim do mesmo ano todos os 200 000 Azeris que viviam na Arménia foram perseguidos e expulsos.
Com a queda do muro, a Arménia ficou sozinha no conflito, a Turquia fechou fronteiras que continuam fechadas e a Geórgia teve também a sua guerra civil; apenas o comércio com o Irão tornou possível suportar os duros invernos da Arménia.
Em 1993 os guerrilheiros Arménios aproveitando a destabilizada situação política no Azerbaijão saem das fronteiras de karabach e ocupam as aldeias Azeris que cercavam Karabach. A ONU apressou-se a apresentar uma resolução que pedia o fim da contenda e a retirada das tropas Armenas dos territórios ocupados, mas os guerrilheiros prosseguiram a sua ofensiva e provocaram o maior êxodo de refugiados depois da II Guerra Mundial. Em Maio de 1994, depois da fase mais sangrenta do conflito, os dois exércitos, exaustos, assinaram um cessar fogo que ainda hoje é a única coisa que existe na esperança que um dia chegue um acordo de Paz. Nos mapas, as linhas de fronteira de karabach estão referenciadas como linha de cessar fogo de 1994. Pelas Nações Unidas Karabach continua a ser parte do Azerbaijão. Existe um milhão de refugidos à espera de voltar ao seu território. Perderam-se 16 000 almas no conflito e as tenções continuam ainda muito elevadas.


A nossa impressão do que vimos: um país jovem e com garra, nada de marcas de guerra. No geral muito parecido com a Arménia. A melhor pizzaria da viagem e um dos melhores hotéis onde ficamos. Às 8 da manhã toca o telefone do quarto de hotel, atendo –Hello! Respondem – Dobre utre (bom dia em russo, a única coisa que entendi) blablabla, plim. Desligam. Passados dois minutos batem à porta e entram-nos no quarto duas matrioskas com tabuleiros na mão com o pequeno-almoço de iguarias... ☺ bela surpresa!
Da fronteira mandaram-nos diretamente para o ministério dos negócios estrangeiros na avenida principal de Stepanakert. Aí preenchemos um monte de papéis e juramos a pés juntos que não eramos espiões Azeris e que só ali estávamos para comer uns Kachapurris (óptimos pasteis locais), lol. Recebemos um bonito visto no passaporte como se de um país a sério se tratasse, recebemos também a triste notícia que já estávamos à espera que teríamos de sair por onde entramos, pela única fronteira do país que é com a Arménia, todas as outras com o Azerbaijão estavam fechadas pelo que tivemos de fazer o mesmo caminho de volta deitando por terra a ideia de visitar o Azerbaijão (ficará para uma próxima…). No hall de entrada do ministério havia uma exposição de fotos: forças em parada… carros de combate… e um casamento com 700 noivos uns dias depois do cessar fogo ☺!
Stepanakert.

Stepanakert.

Entrada de Nagorno-Karabach.

























Republica da Abkazia - Ao contrário de Karabach, aqui as marcas de guerra são bem visíveis e de arrepiar... Entramos no território era já fim de tarde, íamos numa estrada depois de passar uma pequena terriola Georgiana e quase inesperadamente surge uma cancela na estrada; «deve ser isto a fronteira». Havia uma pequena casinha com militares, dirigimo-nos lá sem saber bem se estavamos no sítio certo, não havia bandeiras nem os edifícios habituais das fronteiras, para a Georgia a Abkazia continua a ser parte do seu território, mas assim uma espécie de local ao fundo do quintal onde não se vai, é nosso mas não se pode lá ir... havia por ali uns dois ou três táxis que largavam passageiros que seguiam a pé para lá da cancela. Ao ver-nos, os militares fizeram imediatamente sinal para voltarmos para trás, não podíamos passar daquele ponto. Eu e o meu pai estávamos tensos, esta era a parte da viagem mais complicada, sabíamos perfeitamente que se não passassemos aquela cancela teríamos a volta ao mar Negro comprometida e teríamos de voltar tudo para trás pelo mesmo caminho. Valeu-nos o trabalho de casa, a carta que o ministério dos négocios estrangeiros da Abkazia me tinha escrito com a autorização de entrada, a nós e à Berlingo e que tinha sido pedida por mail bastante tempo antes da nossa partida.
Era sexta feira, na segunda teríamos de ir ao ministério na capital carimbar o passaporte para poder deixar o território. Explicamos que não voltaríamos a passar naquele ponto, que íamos seguir para a Rússia... isso não é possível, diziam os militares.. tem de sair por onde entraram...
Passamos a cancela, mais à frente uma barreira militar no meio da estrada, um jovem militar de camuflado, capacete e kalasnikov atrás de sacos de areia. Passei muito devagar com o carro, acenei-lhe com a mão mas ele não esboçou qualquer gesto... passamos uma ponte e mais à frente outra barreira militar. Aqui estavam todos à nossa espera, tinham um ar mais operacional, revolucionário! Saí do carro, mostrei os meus papéis e disse que ía para a capital Sokumi, tendo especial cuidado em não pronunciar o i no fim da palavra Sokumi à moda da Abkazia, como tinha lido algures.
Os primeiros quilómetros de Abekazia são um tormento, a estrada está completamente destruída, as poucas casas que estão de pé têm um aspeto miserável, as pessoas parecem fantasmas, talvez fosse sugestão nossa, mas a morte parecia pairar por ali. Anoiteceu e paramos a carrinha ao lado daquilo que nos pareceu um café de borda de estrada. Por gestos explicamos ao homem que ali estava que ia-mos ali dormir, ele encolheu os ombros, passado um bocado veio bater-nos na porta da carrinha a convidar para irmos dormir na casa dele... agradecemos e 'tá claro que já não nos mexemos dali. Estávamos exaustos. No outro dia o café afinal era uma padaria, com pão quente, muito bom cheirinho,  comemos ali e o padeiro mostrou-nos a padaria; o forno era um buraco no chão, no chão do buraco havia umas potentíssimas resistências elétricas que geravam o calor. O pão era tipo bolacha e era colado nas paredes verticais do forno. Muito engraçado, o melhor de tudo era o quadro elétrico construído pelo próprio padeiro, com uns fusíveis feitos de arame com 5mm de diâmetro!... deu-nos também um saco de pêssegos e fizemo-nos à estrada. A estrada melhorou, a nossa disposição também e o cenário já não nos pareceu tão dantesco como na véspera.
Pouco depois tivemos um episódio surreal. O carro estava na reserva, o dinheiro da Geórgia aqui já não valia nada e euros era coisa que nunca tinham visto, era sábado e se não encontrassemos cambio entretanto, só na segunda. Fomos parando nas bombas de gasolina mas só queriam Rublos da Rússia. Nisto, um polícia manda-me parar, tinha um radar e apanhou-me a 58km/h num troço de 40km/h. Entretanto aparece o polícia mais graduado e fica doido ao ver que não éramos dali, estrangeiros! o homem ficou doido de alegria com o habitual «Portugal, Cristiano Ronaldo, Mourinho, etc, etc.». Levou-nos para dentro da esquadra, ali ao lado, tinha em cima da mesa o portátil ligado e um monte de miúdas no chat da net, como ele não falava uma palavra de inglês, pôs-me a teclar com uma amiga que sabia inglês... foi só rir, eu escrevia em inglês e a amiga respondia em inglês para mim e em russo para ele, ele ia alternando a configuração do teclado para passar de letras cirlicas para as nossas, que comédia!! a moça do outro lado disse-me onde ir cambiar dinheiro - «Vais ao mercado e falas com a mulher que vende os sapatos, ela cambia-te os euros...» - e foi o que fizemos, por gestos encontramos o mercado, a vendedora de sapatos e cambiamos euros. Na loja de sapatos fomos uma sensação para as clientes que já queriam vir connosco para Portugal. Depois voltamos ao nosso amigo polícia, mostrou-nos as fotos da mãe, do carro, da casa, e o melhor de tudo, as fotos do camelo que ele tinha, ele tinha um camelo! o único camelo da Abkazia, dizia ele, um camelo com duas bossas... a foto dele e do camelo, os dois com cara de camelo! A amiga do chat disse-nos que não íamos ter problema nenhum na fronteira da Rússia uma vez que tínhamos visto. Antes de me despedir do polícia pedi-lhe o número de telefone num papelinho, podia vir a dar jeito.
Não tivemos mais peripécias na Abkazia, saimos sem o carimbo do ministério e na fronteira do norte com a Rússia nem sequer tivemos de parar, nem olharam para a matrícula da Berlingo. Em teoria continuamos na Geórgia porque não tinhamos carimbo de saída no passaporte. Já entrar na Rússia foi outra conversa.
(Continua)

A ponte na entrada da Abkazia.


À porta da padaria.


Dentro do Parlamento de Sokumi.




Mar Negro em Sokumi.

domingo, 22 de julho de 2012

De cabo a rabo. Parte 1

Em jeito de redação da escola vou contar a minha impressão por países. Durante a viagem, a net não abunda e não há grande paciência para ciber cafés, por isso aqui vai, diretamente do meu sofá!




França - As melhores áreas de repouso de auto-estrada. As auto-estradas mais caras, mais de 100€ de portagens para cerca de 1000km
Os franceses todos a ir de férias e a entupir as estradas do sul, tanto à ida como no nosso regresso.
Na zona de Irum, o meu pai contou-me a história do pai dele, meu avó, que morreu muito antes de eu nascer. Por várias vezes o meu avó imigrou para França e não só. A primeira vez, antes de casar, e no período entre guerras, veio clandestino numa viagem que durou meses. Parte da viagem era feita a pé, principalmente as zonas de raia. Em Irum, trabalhou durante uns tempos para ganhar para continuar viagem. Trabalhou em agricultura para um fazendeiro. Uma noite teve de fugir do patrão, juntamente com o amigo que o acompanhava, de alguma forma perceberam que o patrão os queria tramar obrigando-os a trabalhar sobre chantagem de denúncia. Anos mais tarde voltou, desta vez com um passaporte comprado a um vizinho, trocavam-lhe a foto e com uma martelada numa moeda em cima da foto fingiam o selo branco. Durante os anos que durou essa viagem chamou-se José Padeiro, o nome do vizinho. A guerra civil de Espanha e o início da segunda guerra mundial trazem-no de volta a casa e à família. O seu nome era Manuel Nogueira, bisavó do seu homónimo meu filho mais novo.

Itália -  Aqui um litro de gasóleo custa1.64 € em self-service; se for posto pelo empregado custa mais 13 cent.

Eslóvenia - A multa dos 150 € acabou com as aspirações de crescimento económico através do turismo deste país. Antes de ser multado eu tinha dado à Eslovénia a classificação de "país mais bonito da Europa", depois da multa retirei-lhe essa classificação. Conclusão: os milhares de leitores deste blog já não vão passar férias à Eslovénia... bem feita! a culpa é do polícia que me multou.
O desenvolvimento trazido pela entrada na união europeia é bem visível nas auto-estradas e no renovado parque automóvel. Há uns anos atrás, quando por aqui andei, só se viam Yugos e Zastavas, carros de fabrico Jugoslavo, agora já não se vê nenhum!

Croácia - O interesse deste país é mais a sul,  nas zonas de costa do Adriático. O norte que atravessa- mos são planícies agrícolas sem fim, milho, girassol e algum trigo. Espantou-nos a quantidade de girassol que vimos durante toda a viagem em quase todos os países, atirando um número para o ar, 90% dos campos cultivados que vimos tinham girassol o que corresponde a 20% de todos os campos que vimos. Para que será tanto girassol? Biodisel? Não faço ideia.

Sérvia -  Milho e girassol a perder de vista. À entrada de Belgrado estavam a desviar o transito por causa de obras, de maneira que só vimos o Danúbio muito mais tarde em Budapeste. Ainda há Yugos e Zastavas do tempo do General Tito.
A parte final da viagem na Sérvia, antes da Bulgária, é feita por uma estrada estreita através de um desfiladeiro fantástico, numa zona muito rural. A auto-estrada vem a caminho...



Bulgária - O primeiro país novo para mim nesta viagem, o meu pai já conhecia. Foi uma agradável surpresa. Paramos em Sófia, uma cidade bonita moderna e tranquila. Um simples gesto fez com que ganhasse a destinção de país mais simpático da europa. Parei a Berlingo na praça central de Sófia, estavamos mortos por uma cerveja fresca de fim de tarde quente. Quando estacionei, quis pagar o lugar a uma senhora que guardava o parque, dei-lhe um euro porque não tinha Lev´s a moeda local. A senhora não aceitou e no seu melhor Búlgaro mandou-me ir cambiar a moeda ou então mandou-me à fava... não entendi bem. Ao meu lado, uma moça, vendo a minha cara de "acabadinho de chegar e já pronto a bazar" sorriu para mim e deu uma moeda à senhora do parque, pagando o meu estacionamento. -Thanks, you are very kind... thanks a lot.
Sófia.
E assim a Bulgária ganhou o prémio de país mais simpático da Europa.


 Turquia - A meta da 1ª etapa da nossa viagem! a 1ª e a única etapa porque o resto estava no ar...
Istambul é de facto uma cidade incrível a não perder, gostei particularmente da zona ribeirinha do Bósforo, a agitação nas águas e as pessoas... muitos turistas  do mundo árabe, mulheres de burca a tirarem fotografias! A Mesquita Azul, a Catedral de Sta Sofia, o hipódromo...
Ficamos dois dias e uma noite em Istambul, recuperamos força e seguimos viagem Turquia dentro.

Um blindado anti-motim nas ruas de Istambul.

O Bósforo, a ligar o ocidente e o oriente, e a fazer-nos sonhar com rotas de seda.
A Turquia é um gigante em todos os aspetos a começar pelo tamanho; tem 1500km de comprimento, faz fronteira com uns sete países, entre eles o também gigante Irão, e com a Síria, neste momento a ferro e fogo.
Exceto Istambul, andamos sempre fora das zonas turísticas e provavelmente as mais bonitas, pelo que, para mim, o país foi um bocado uma deceção, achei as paisagens pouco interesantes e os rios muito poluídos.
A Turquia é um monstro económico, os camiões turcos (e também os Iranianos) dominam os países vizinhos, não que isso seja um indicador económico... há obras gigantescas em todo o lado, milhares de quilómetros de auto-estradas e vias rápidas de duas faixas. A ideia que tinha que a Turquia queria pertencer a União Europeia, transformou-se na ideia de que a União Europeia queria pertencer à Turquia.
O último dia de Turquia fizemo-lo por uma garganta enorme de muitas centenas de quilómetros com rios serpenteantes, entre Erzurum e Batumi. Aqui as auto-estradas, tuneis e viadutos estavam em construção, perturbando o vale e os poucos automobilistas. Aqui a paisagem era de facto de cortar a respiração. Havia alguma agricultura nas margens dor rios em pequenos terrenos muito fertéis, nalguns locais os legumes produzidos eram transportados de um lado para o outro do rio por tirolesas montadas em cabos de aço. No final do vale perto do Mar Negro, o clima muda radicalmente e a zona aparenta-se tropical, nas vertentes empinadas produz-se chá.







Geórgia - Entramos no país pela fronteira de Batumi. Welcome to Georgia, dizia a simpática polícia na fronteira. Enquanto esperava numa fila interminável de carros para passar a fronteira, cruzei várias vezes o olhar com uma jovem polícia que trabalhava num guiché próximo. Quando chegou a nossa vez de mostrar os passaportes foi uma colega dela que nos atendeu. A curiosidade da primeira fê-la aproximar-se, chegou-se perto da amiga, olhou para mim sorriu e disse - olá (suponho que em Turco) eu sorri também e respondi-lhe com um Hello. A amiga que me atendia riu-se e disse também um hello, depois trocou umas palavras com a colega em Georgiano, que eu depreendi que fosse - «hello,  nem todo o mundo é turco». (A maioria dos que por aqui passam são turcos... elas acharam piada aos europeus!) O meu pai já não se calou mais com a frase: «Nem todo o mundo é turco.»
Batumi é o local de todas as excentricidades. Era e ainda é local de férias de russos ricos, casinos e hotéis chiques. Estão por toda a parte, a arquitetura dos edifícios é arrojadíssima, quase a cair no ridículo, tem tambem edificios antigos com muito charme e muitíssimo bem recuperados, a cidade é bonita, para quem gosta do estilo mas tem pouco que ver com o resto do país. Ficamos presos por causa do problema da embraigem e tivemos de lá passar dois dias...

Ao fundo a torre do Sheraton.

Neste parque não querem pessoas sem trela nem cães com trela.

Old and new Batumi, lado a lado.

























 
A Geórgia é também a terra natal do Xico Esperto ao volante. Nós, tugas, ao pé destes gajos, somos uns meninos! É verdade. o xicoespertismo começa  a fazer-se sentir desde a Sérvia e ocupa toda a região do Cáucaso. Quando vinhamos na Sérvia descansadinhos numa auto-estrada a 130, passa por nós um gajo pela esquerda a 200 e logo a seguir um pela direita (pela berma) a 210. Ficamos incrédulos... mas é aqui que o xicoespertismo atinge o seu expoente máximo. Na estrada, o objetivo de qualquer condutor é ultrapassar o carro que vai à sua frente, mesmo que a seguir tenha de fazer uma grande travagem porque passou o sítio onde queria parar. Tivemos cenas completamente hilariantes e de uma infantilidade atroz...
O país é bonito, muito verde, muitas montanhas, muitas florestas, muitos rios (poluídos) aldeias pobres, rurais e isoladas.Tem uma capital faustosa, Tiblisi, muito europeia e com muitos edifícios estilo Expo98.

Alfabeto Georgiano. Dissem que os caracteres são inspirado nas formas das vides. Segundo os Georgianos foi na Geórgia onde se fez vinho pela primeira vez.

Arménia - A Arménia encheu-me as medidas, foi o país que mais gostei. Era exatamente o que vinha à procura, gente simpática, todo o tipo de paisagens, encontros imediatos de terceiro grau... Vimos vários monumentos, há muitos por todo o lado, destaco dois, um Caravanssarai do tempo da rota da seda muito bem conservado, era o abrigo de pessoas e animais que comerciavam na região, mil anos de história e a recordar-me o livro de Amin Maalouf, "O Périplo de Baldassare", outro monumento foi uma igreja/mosteiro que visitamos depois de pular a cerca, era fim de tarde e a fraca luz deu uma visão misteriosa ao local, muito bonito e mágico.
















O Caravansarai.
Da Arménia fica também a visão das unidades industriais deixadas pelos Soviéticos. Por todas as terras e cidades existem verdadeiros monstros ferrugentos, vestígios arqueológicos industriais a testemunhar um passado bem diferente do atual presente. A URSS deixou por todo o lado fábricas, fundições, refinarias e uma infinidade de outros vestígios, bairros operários gigantescos, estruturas sociais... Passamos um vale encaixado, cheio de fábricas, as casas dos trabalhadores ficavam fora das zonas industriais em terrenos mais elevados, havia teleféricos para transportar os trabalhadores para os seus bairros. Também o parque automóvel é inteiramente contemporâneo das fábricas.
Na Arménia os polícias são também genuínos, gostam do seu suborno como deve ser! Sempre que andavamos dentro de localidades, tinhamos de perguntar a direção a seguir a cada cruzamento, não há placas a indicar nada e as que há são escritas num alfabeto indecifrável. Numa das muitas inversões de marcha que tivemos de fazer, a polícia estava à coca e mandou-me parar. O gordo do polícia olhou a matrícula da carrinha e coçou a cabeça, chegou-se a pé de mim e a primeira coisa que disse foi "50 dólares". Fez uns gestos a dizer que eu não podia ter feito aquela manobra. Depois de muita conversa no meu melhor arménio, lá lhe ofereci um relógio dos ciganos e ele ficou todo contente.








Autocarro a gás, as garrafas de gás vão no tejadilho.

No gigantesco planalto por onde entramos no país.


Monte Ararat.
O meu pai cantarolava:
 ♫"A lá santé de Noé
patriache ensigne
le premier qui a planté
sur terre la vigne..."♫

Vendedores de cogumelos e fumadores de cigarros.

Atravessamos o país de norte a sul e depois em sentido contrário, por estradas diferentes. Passamos junto do lago Sevan, um lago gigantesco rodeado de montanhas no interior do país. A paisagem é linda.
Lago Sevan. Adoram toalhas da Mini...
Alfabeto Arménio. Tomem nota que pode dar jeito!
A Arménia e a região vale a pena visitar, tudo está em mudança rápida e dentro de poucos anos os Mcdonadls, ikeas e decathlons invadirão a região... no entanto, e apesar do aparente apaziguamento conseguido nos tempos da união soviética, o Cáucaso é a zona de vinganças ancestrais e de guerras fratricidas, um barril de pólvora entre montanhas obscuras, lendas e profundas tradições.

(Continua)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Mais do que mil palavras...


Parlamento em Socumi, Abkhazia.

Sex Pistols, mesmo edifício.

Ferry entre a Russia e a Crimeia, Ucrânia. Entre o Mar Negro e o Mar de Azov. 20 minutos de travessia, 7 horas de espera...

Estrada internacional, Moldávia.

Estrada internacional, Moldávia.
Estrada internacional, Moldávia.

Roménia.

Entrada da República da Abkhasia.