Corria o longínquo ano de 1995, acho que os animais já tinham deixado de falar, mas ainda se podia fumar nos bancos de trás dos aviões... era dia 25 de Dezembro e nesse ano o Natal calhava precisamente a 25... por esse facto, as meninas da British Airways andavam nestes propósitos.
Tivemos direito a uma opípara ceia de natal, servida em caixinhas!
Um voo interminável de uma Lisboa de temperaturas amenas para uma gélida Londres, com mudança de aeroporto, e directo a uma sufocante Dar es Salaam (capital da Tanzânia) com escala na também sufocante Nairobi (Quénia).
Aterramos e quase de seguida, zumba, para dentro de um autocarro para uma viagem de 8 horas... no meio dos locais, as suas bagagens e com galinhas à mistura :) direcção Kilimanjaro.
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Edifícios coloniais em Dar es Salaam.
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Todos à espera para entrar no autocarro.
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África pelos vidros do autocarro.
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Em Moshi, no sopé do Kilimanjaro. A primeira paragem para respirar desde Lisboa. |
Eramos um jovem grupo de amigos, acho que sete. Já tinhamos feito muitas outras actividades, juntos, relacionadas com a escalada e o alpinismo. Andamos mais de ano a sonhar com esta viagem e tudo foi preparado ao pormenor. Muitos destes amigos não voltei a ver depois desta viagem... por isso se alguém estiver à escuta gostava de feed-back.
Para mim estar ali era maravilhoso, uma alegria que me fazia flutuar a todo o instante... ao mesmo tempo sentia que pertencia ali, que conhecia aqueles lugares desde sempre. Tinha 21 anos e uma enorme fome de aventuras! Nunca tinha estado na África negra, nunca tinha viajado de avião, nunca tinha tentado subir tão alto. Mas sentia-me capaz de tudo, sentia-me como um peixe dentro de água. Tinha habilidade e conhecimentos técnicos para escalar o que me propunha e acima de tudo uma vontade e confiança inabaláveis.
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A primeira visão da montanha.
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A montanha e envolventes estão protegidas por um Parque Natural.
Este antigo vulcão, com o topo coberto de neve , ergue-se no meio de uma planície de savana, oferecendo um espectáculo único.
É necessário pagar para entrar, levar um guia e um plano de escalada pré estabelecido.
Carregadores, cozinheiro, etc. são opcionais. Levamos um simpático guia e um carregador por pessoa.
A primeira parte da subida, já dentro do Parque Natural, é feita de carro, através de campos de café, milho, bananas... muito verde, fresco e fértil.
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A montanha vai espreitando por entre a vegetação e hipnotiza-nos o olhar. |
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Depois acaba a estrada e toca a galgar... 4 dias até lá acima.
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Subir o Kilimanjaro não é bem escalada é um maravilhoso trekking até lá acima. |
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A primeira parte do percurso é em floresta da chuva, muito densa, cheia de vida e de sons jungle! |
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1º camping na saída da zona de rain forest. |
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À medida que se ganha altitude, a vegetação vai desaparecendo... |
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Sonécia gigante.
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2º camping num gigantesco plateau. |
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O gigantesco bordo da cratera de vulcão vai ficando cada vez maior e mais perto. |
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Avistam-se os gigantes vizinhos: Meru, Mawenzi, e mais ao longe, Ruwenzori, e Mt. Quénia... |
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Lobélia gigante a 4000m.
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Aspecto lunar, frio e seco.
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Último camping antes do ataque ao cume. Tempo instável, alguns flocos de neve.
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Algures aí a nossa via Machame route. Mais à direita, nas linhas de gelo verticais, a via Messener. |
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Começamos a subida a meio da noite para ter tempo para subir e baixar no mesmo dia. |
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Ao amanhecer estavamos no bordo da cratera com um glaciar gigante à nossa frente. |
Continua...
P.S. As fotos estão horríveis porque o scanner de slides não dá para mais. No original as cores são fantásticas...