quarta-feira, 31 de outubro de 2012

USA let's go!




Agora é que os Yankees vão ver...


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

20 Km de Almeirim


No Domingo passado, o meu primo Miguel e eu, corremos os "20 Km de Almeirim". Uma bela prova com um magnifico sol de outono e uns belos tempos de corrida :) a seguir uma, também magnifica, Sopa da Pedra para todos os atletas e famílias. Muito fixe... mas hoje doem as pernas!










Começa a nossa preparação para o ultra-trail que vamos fazer em finais de Janeiro.


domingo, 14 de outubro de 2012

As neves do Kilimanjaro. Parte3/3

O sol a dar o arzinho da sua graça! Quem escala em gelo não gosta muito do sol, mas aqui ele não chegou a fazer estragos.





Uma vista para o enfurecido e empinado Diamond Coloir. 


Atrás de mim o largo mais vertical da via. Espectacular!!
90º gelo azul.



O largo termina debaixo de uma cornija  de gelo. Para sair da cornija há que partir umas estalactites de gelo  e sair por uma janela (Ice Window) ao encontro do Diamond Coloir.

Lindo! como um sonho ☺

@ gate of the mists. Fim da via.

Neste local era escolher, Batian ou Nelian. Escolhemos Nelian 11 metros mais baixo que o vizinho, mas com uma cabaninha para passar a noite. Não tinhamos previsto passar a noite na montanha mas alguns atrasos durante o dia e principalmente na noite anterior, enquanto procurávamos na escuridão o início da nossa via, fizeram com que a noite nos apanhasse desprevenidos no topo da montanha... nada a fazer senão aguentar uma gélida noite a 5200m só com a roupa que tínhamos vestida, sem tenda, sem sacos cama... descer na escuridão estava fora de questão, seria demasiado perigoso. Assim resignados, descalçamos os crampons e escalamos o último largo de IVº grau em rocha, que com botas de plástico, luvas e a 5000m valia aí um 7b+, principalmente penoso para a minha companheira que teve de ser puxada de cima ☺


 Nelian 5188m. Já noite escura.
Paula, tens as calças rotas no joelho. lol

Comemos os chocolates que tínhamos no bolso, deixando um ou dois para o dia seguinte e fomos para a casita tremer de frio. Meti a mão à mochila e na minha pequena farmácia tinha comprimidos para dormir, tomei um e ressonei a noite toda. A Paula que não quis tomar é que teve de se aguentar... eu dormi bastante bem. Mais tarde quando contei aos meus amigos mais entendidos o que tinha feito, fui muito criticado, em situações extremas devemo-nos manter acordados para combater o frio. Tomar um comprimido para dormir é passaporte para já não acordar... enfim, ninguém morre de frio no equador, lá me safei para contar a história.

A gélida casinha de alumínio onde passamos a noite.


A manhã acordou maravilhosamente limpa com uma visibilidade incrível. Tínhamos toda a África aos nossos pés. Os primeiros raios de sol ajudaram a desentorpecer os músculos doridos da véspera.


O enorme vale glaciar por baixo de nós. Uma das pintinhas amarelas no centro da foto é a nossa tenda.

O dia passou-se em intermináveis rappeis. Paula, assim é que rompes as calças...


A montanha tinha uma excelente linha de rappeis em parabolts com argolas. Logo no primeiro ou segundo rappel, uma distracção ou o cansaço da noite e da véspera, fez-nos perder da linha de rappeis e tivemos de rappelar tudo em pontos precários de fitas, pitons e entaladores... no último dos rappeis, quando chegamos ao chão, as cordas engataram-se ao puxar e não conseguimos recuperá-las, já não sobravam forças... Perdi 100m de corda :(


A base da via.
O nosso amigo carregador esperava-nos no refúgio, depois de ter subido a desmontar a nossa tenda. Dormimos, comemos, lambemos as feridas, contamos as histórias... Metemos as mochilas às costas e continuamos viagem rumo à "civilização", numa busca desesperada por um duche que já não tomávamos desde o Kilimanjaro!!

Mt Quénia, face sul. A linha de gelo vertical é o Diamond Coloir. A nossa linha é a mais ténue à direita e na diagonal.  Onde as duas linhas se encontram fica a cornija com a Ice Window, o colo entre os dois picos é o  gate of the mists.
O Nelian com a casinha de alumínio é o pico da direita.


Bye-bye montanhas de África, vou à procura de um duche.



Hotel Ambassador!! 5 *

Transportes até Nairobi, quando chegamos, telefonamos a uns amigos que tínhamos feito no Kili, eram duas irmãs e um irmão mais velho, muito simpáticos, que estiveram na montanha ao mesmo tempo que nós. Eram indianos mas viviam em Nairobi. Resgataram-nos da confusão do terminal de transportes da capital e ofereceram-nos um magnifico jantar indiano... eu só sonhava com um bitoque com batatas fritas, mas claro, eles eram vegetarianos e carregavam no picante... duche também não deu... enfim lavamos as mãos e a cara, já não é mau. Depois do jantar, adeus amigos, muito obrigado, se forem a Portugal já sabem... e zumba! autocarro outra vez. Ao romper do dia seguinte estávamos em Mombaça. Quando me despejaram do autocarro deitei-me no chão encostado às mochilas e disse à Paula - não saio daqui, deixa-me dormir... Quando dei por mim estava deitado na caixa de uma carrinha com as mochilas à minha volta e a atravessar a cidade em grande velocidade. A Paula ia na cabine em grande algazarra com o condutor, pareciam conhecer-se há que tempos! Fomos para um hotel maravilhoso, com torneiras a sério que deitavam uma água maravilhosa! pelo caminho, a Paula ainda fez o condutor parar em vários sítios!? um deles era uma agência de viagem para a viagem seguinte...


Forte quinhentista Português em Mombaça.


As primeiras vistas para o Índico.

Em Mombaça deu para descansar, tomar um bom banho, passear, comprar souvenires, jantamos num hotel todo colonial, grande sala com o chão em tacos de madeira, mobiliário em palhinha, ventoinhas no tecto, empregados de luva branca. Parecia o filme "África minha".
Ainda visitamos uma portuguesa residente, que tinha lá negócios e que a Paula desencantou o contacto, íamos na esperança de um convite para jantar... mas não tivemos sorte.
Dali, apanhamos um aviãozinho para Zanzibar onde nos esperavam os nossos amigos.
Zanzibar foi a ilha que deu o nome aquelas magnificas cafeteiras de café, mas não  tem nada a ver!
Tínhamos previamente combinado um sítio para que quem chegasse primeiro deixa-se uma mensagem a dizer em que hotel estava. A vida sem telemóveis tinha  destas coisas...


Stone Town, Zanzibar.





Uma pequena tartaruga de 500 kg.

Acho que nem deu por mim...


Um antigo forte negreiro numa ilhota perto.


Lá nos reencontramos todos para contar as aventuras.

Zanzibar é uma ilha muito bonita e interessante, tem algumas fortificações Portuguesas, aqui cultivam-se muitas especiarias e há muitas e variadas frutas tropicais. Ao fim da tarde a praça principal de Stone Town enchia-se de gente com vontade de respirar um pouco de ar fresco,  havia muitos vendedores ambulantes, recordo umas espetadinhas de carne assadas na brasa que eram um espectáculo e um pequeno engenho  de cana de açúcar que escoria o liquido doce para dentro de um copo de gelo ☺
Também fizemos snorkeling em belos recifes de coral.
  

Plantação de algas, pelo que percebi são plantadas, amarradas a cordéis, na maré  baixa e são apanhadas na maré seguinte.




De Zanzibar fomos todos de ferry-boat novamente para Dar-es-Salaam e daí para casa. Voltei ao trabalho e à escola, fazia trabalhos verticais durante o dia e estudava à noite, no tempo livre escalava tudo o que podia. Na escola perguntavam-me porque tinha faltado tanto tempo e porque vinha tão queimado, era Fevereiro. Eu respondia, -fui à Serra da Estrela e queimei-me na neve!



Hakuna Matata!
Fim da história!


P.S. As fotos estão horríveis porque o scanner de slides não dá para mais. No original as cores são fantásticas...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ganda calhau!!


Cercanias de Palência.



Nem só de logros canoísticos vive o homem... E no último fim de semana tocou-me ir à montanha.
O amigo Joel e eu andamos o verão todo a adiar uma desejada ida aos Picos da Europa (Astúrias, Espanha), mas ou estávamos em baixo de forma, ou chovia,  ou havia muita gente, ou não dava jeito, ou... o raio... Com verão já a acabar, apontamos o feriado do 5 de Outubro, na verdade decidimos na véspera, a previsão da meteo era do melhor.
Às duas da manhã estávamos na rotunda norte de Fátima prontos a andar, não sem antes ter soprado no balão da GNR, mesmo à porta da minha casa.


Garganta de Cares.




Oito horas de auto-estradas e auto-vias e estávamos em Sotres a pôr as mochilas às costas.
















Duas horas e meia a subir, 810m de desnível e estávamos na base do Naranjo de Bulnes.
Face Oeste do Naranjo de Bulnes, um dos maiores monólitos do Mundo e um ícone na escalada mundial.

Refúgio Vega Urriello, todo o conforto mesmo na base do calhau.




















Tradicionalmente, os refúgios de montanha servem para dar guarida aos montanhistas, para os proteger das inclemências da montanha... Aos poucos, e à medida que as montanhas vão sendo cada vez mais frequentadas, vão-se transformando em pequenos hotéis, onde, pagando, há de tudo. As federações de montanha vão explorando os potências económicos destes locais privilegiados  Neste refúgio já não é preciso trazer nada, com o preço da dormida (12€ não federados) tem-se direito a um par de Crocs para não ir de botas para o quarto, e um saco do IKEA com uma almofada e um edredon com capas. 
Pagando, tem-se também duche de água quente, pequeno almoço, almoço e jantar, garrafa de vinho, café, cerveja ou coca-cola. À borla tem-se companhia na cama, os quartos são camaratas com beliches onde cabem cinco ou seis pessoas lado a lado, eu dormi entre o Joel e uma inglesa de dois metros de altura com o cabelo vermelho! no nosso quarto fala-se pelo menos quatro línguas diferentes.
Mas quem quiser pode acampar na rua, por enquanto...



Antes de sermos repreendidos por usar o fogão! cozinhar tem de ser na rua! novas regras da federação. Como será que fazem no inverno?
Rebecos, sobem a todos os cumes dos Picos menos a este, o Naranjo de Bulnes.





O Naranjo é uma parede cheia de histórias. A sua silhueta monolítica é o emblema da montanha espanhola. Um pico inexpugnável onde não é possível aceder sem ser escalando. A face Oeste com os seus 500m é super vertical, foi e continua a ser motivo de cobiça pelos melhores escaladores do mundo
Cordadas lendárias traçaram aqui as suas vias: em 1962, Rabadá-Navarro sobem pela primeira vez a face Oeste;  mais recentemente, em 2009, os irmãos Iker e Eneko Pou, que consideraram a sua via Orbayu a mais difícil do mundo numa parede desta dimensão; pouco depois, outro famoso, Nico Favresse, disse que afinal a via deles não era assim tão difícil, polémica para vender na imprensa da especialidade. Poucos dias depois da repetição, o companheiro de Nico, o Polaco Adam Pustelnik, parte uma presa e arranca três proteções, cai diretamente ao chão de 20m de altura e tem férias prolongadas no hospital.
Também portugueses deixaram aqui o seu nome: Francisco Ataíde e Sérgio Martins em 1996 abrem a via Quinto Império 8b, uma via dificílima e de excelente qualidade, apenas repetida pelos melhores.
Existe aqui uma via, Sonhos de inverno, que foi aberta durante o inverno, durante cerca de 70 dias, que é o recorde mundial de permanência em parede, 69 bivaques, sem vir ao chão a dormir em tendas suspensas e com temperaturas bem negativas!
Atualmente existem cerca de 70 vias diferentes para subir pelas diversas faces.
Em Dezembro 1997, acompanhei o ilustre escalador Paulo Roxo na tentativa de abrir uma nova via pela face norte da Parede, mas não chegamos a fazer cocegas à parede, abrimos um largo e meio... mais tarde uma cordada, acho que de polacos, abriu a nossa linha.


A gélida face norte em 1997.
Paulo Roxo num penoso acesso com muita carga em 1997.






No inverno de 1997.

Eu no topo em 1994, era bem mais novo!
A primeira vez que aqui vim foi no verão de 1994, tinha uma corda de 60m, 10 expresses e um amigo que não percebia nada de escalada. Subimos a face sul pela via mais fácil, a Directa de los Martines. Foi muito fixe, uma experiência inesquecível!  Depois da escalada, voltei a Minde à boleia, demorei quatro ou cinco dias a chegar a casa, três dos quais sem dinheiro e sem comida ☺




Joel Vieira no primeiro largo da via Murciana.

Desta vez não ficamos com grande história para contar.  A meio da noite, enquanto era esborrachado entre o Joel e a inglesa de cabelos vermelhos, comecei a ouvir vento lá fora, entre acordar e adormecer fui pensado que devia ser um vento fraco, - faz tanto barulho por causa dos painéis solares... pensava eu a tentar convencer-me. Quando amanheceu saí lá fora e vi que de facto o vento era forte, muito forte. Ainda lá fomos e subimos o primeiro largo da via, mas, como dizem os espanhóis, no estabamos a gusto. Não nos conseguíamos ouvir, as mãos a gelar, e o  desequilíbrio constante das rajadas...
Descemos ao refúgio, agarramos as mochilas e viemos beber umas cañas à aldeia de Sotres.
Ficam umas belas fotos, a vontade de voltar para o próximo verão, mais 1600 km na Berlingo e a confirmação que este é um ganda calhau!!








Quero viver numa assim...

...estoupraver...