quarta-feira, 31 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
20 Km de Almeirim
No Domingo passado, o meu primo Miguel e eu, corremos os "20 Km de Almeirim". Uma bela prova com um magnifico sol de outono e uns belos tempos de corrida :) a seguir uma, também magnifica, Sopa da Pedra para todos os atletas e famílias. Muito fixe... mas hoje doem as pernas!
Começa a nossa preparação para o ultra-trail que vamos fazer em finais de Janeiro.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
As neves do Kilimanjaro. Parte3/3
O sol a dar o arzinho da sua graça! Quem escala em gelo não gosta muito do sol, mas aqui ele não chegou a fazer estragos. |
Uma vista para o enfurecido e empinado Diamond Coloir. |
Atrás de mim o largo mais vertical da via. Espectacular!! 90º gelo azul. |
O largo termina debaixo de uma cornija de gelo. Para sair da cornija há que partir umas estalactites de gelo e sair por uma janela (Ice Window) ao encontro do Diamond Coloir. |
Lindo! como um sonho ☺ |
@ gate of the mists. Fim da via. |
Neste local era escolher, Batian ou Nelian. Escolhemos Nelian 11 metros mais baixo que o vizinho, mas com uma cabaninha para passar a noite. Não tinhamos previsto passar a noite na montanha mas alguns atrasos durante o dia e principalmente na noite anterior, enquanto procurávamos na escuridão o início da nossa via, fizeram com que a noite nos apanhasse desprevenidos no topo da montanha... nada a fazer senão aguentar uma gélida noite a 5200m só com a roupa que tínhamos vestida, sem tenda, sem sacos cama... descer na escuridão estava fora de questão, seria demasiado perigoso. Assim resignados, descalçamos os crampons e escalamos o último largo de IVº grau em rocha, que com botas de plástico, luvas e a 5000m valia aí um 7b+, principalmente penoso para a minha companheira que teve de ser puxada de cima ☺
Nelian 5188m. Já noite escura. Paula, tens as calças rotas no joelho. lol |
Comemos os chocolates que tínhamos no bolso, deixando um ou dois para o dia seguinte e fomos para a casita tremer de frio. Meti a mão à mochila e na minha pequena farmácia tinha comprimidos para dormir, tomei um e ressonei a noite toda. A Paula que não quis tomar é que teve de se aguentar... eu dormi bastante bem. Mais tarde quando contei aos meus amigos mais entendidos o que tinha feito, fui muito criticado, em situações extremas devemo-nos manter acordados para combater o frio. Tomar um comprimido para dormir é passaporte para já não acordar... enfim, ninguém morre de frio no equador, lá me safei para contar a história.
A gélida casinha de alumínio onde passamos a noite. |
A manhã acordou maravilhosamente limpa com uma visibilidade incrível. Tínhamos toda a África aos nossos pés. Os primeiros raios de sol ajudaram a desentorpecer os músculos doridos da véspera.
O enorme vale glaciar por baixo de nós. Uma das pintinhas amarelas no centro da foto é a nossa tenda. |
O dia passou-se em intermináveis rappeis. Paula, assim é que rompes as calças... |
A montanha tinha uma excelente linha de rappeis em parabolts com argolas. Logo no primeiro ou segundo rappel, uma distracção ou o cansaço da noite e da véspera, fez-nos perder da linha de rappeis e tivemos de rappelar tudo em pontos precários de fitas, pitons e entaladores... no último dos rappeis, quando chegamos ao chão, as cordas engataram-se ao puxar e não conseguimos recuperá-las, já não sobravam forças... Perdi 100m de corda :(
A base da via. |
O nosso amigo carregador esperava-nos no refúgio, depois de ter subido a desmontar a nossa tenda. Dormimos, comemos, lambemos as feridas, contamos as histórias... Metemos as mochilas às costas e continuamos viagem rumo à "civilização", numa busca desesperada por um duche que já não tomávamos desde o Kilimanjaro!!
Bye-bye montanhas de África, vou à procura de um duche. |
Hotel Ambassador!! 5 * |
Transportes até Nairobi, quando chegamos, telefonamos a uns amigos que tínhamos feito no Kili, eram duas irmãs e um irmão mais velho, muito simpáticos, que estiveram na montanha ao mesmo tempo que nós. Eram indianos mas viviam em Nairobi. Resgataram-nos da confusão do terminal de transportes da capital e ofereceram-nos um magnifico jantar indiano... eu só sonhava com um bitoque com batatas fritas, mas claro, eles eram vegetarianos e carregavam no picante... duche também não deu... enfim lavamos as mãos e a cara, já não é mau. Depois do jantar, adeus amigos, muito obrigado, se forem a Portugal já sabem... e zumba! autocarro outra vez. Ao romper do dia seguinte estávamos em Mombaça. Quando me despejaram do autocarro deitei-me no chão encostado às mochilas e disse à Paula - não saio daqui, deixa-me dormir... Quando dei por mim estava deitado na caixa de uma carrinha com as mochilas à minha volta e a atravessar a cidade em grande velocidade. A Paula ia na cabine em grande algazarra com o condutor, pareciam conhecer-se há que tempos! Fomos para um hotel maravilhoso, com torneiras a sério que deitavam uma água maravilhosa! pelo caminho, a Paula ainda fez o condutor parar em vários sítios!? um deles era uma agência de viagem para a viagem seguinte...
Forte quinhentista Português em Mombaça. |
As primeiras vistas para o Índico. |
Em Mombaça deu para descansar, tomar um bom banho, passear, comprar souvenires, jantamos num hotel todo colonial, grande sala com o chão em tacos de madeira, mobiliário em palhinha, ventoinhas no tecto, empregados de luva branca. Parecia o filme "África minha".
Ainda visitamos uma portuguesa residente, que tinha lá negócios e que a Paula desencantou o contacto, íamos na esperança de um convite para jantar... mas não tivemos sorte.
Dali, apanhamos um aviãozinho para Zanzibar onde nos esperavam os nossos amigos.
Zanzibar foi a ilha que deu o nome aquelas magnificas cafeteiras de café, mas não tem nada a ver!
Tínhamos previamente combinado um sítio para que quem chegasse primeiro deixa-se uma mensagem a dizer em que hotel estava. A vida sem telemóveis tinha destas coisas...
Zanzibar foi a ilha que deu o nome aquelas magnificas cafeteiras de café, mas não tem nada a ver!
Tínhamos previamente combinado um sítio para que quem chegasse primeiro deixa-se uma mensagem a dizer em que hotel estava. A vida sem telemóveis tinha destas coisas...
Stone Town, Zanzibar. |
Uma pequena tartaruga de 500 kg. |
Acho que nem deu por mim... |
Um antigo forte negreiro numa ilhota perto. |
Lá nos reencontramos todos para contar as aventuras. |
Zanzibar é uma ilha muito bonita e interessante, tem algumas fortificações Portuguesas, aqui cultivam-se muitas especiarias e há muitas e variadas frutas tropicais. Ao fim da tarde a praça principal de Stone Town enchia-se de gente com vontade de respirar um pouco de ar fresco, havia muitos vendedores ambulantes, recordo umas espetadinhas de carne assadas na brasa que eram um espectáculo e um pequeno engenho de cana de açúcar que escoria o liquido doce para dentro de um copo de gelo ☺
Também fizemos snorkeling em belos recifes de coral.
Plantação de algas, pelo que percebi são plantadas, amarradas a cordéis, na maré baixa e são apanhadas na maré seguinte. |
De Zanzibar fomos todos de ferry-boat novamente para Dar-es-Salaam e daí para casa. Voltei ao trabalho e à escola, fazia trabalhos verticais durante o dia e estudava à noite, no tempo livre escalava tudo o que podia. Na escola perguntavam-me porque tinha faltado tanto tempo e porque vinha tão queimado, era Fevereiro. Eu respondia, -fui à Serra da Estrela e queimei-me na neve!
Hakuna Matata!
Fim da história!
Fim da história!
P.S. As fotos estão horríveis porque o scanner de slides não dá para mais. No original as cores são fantásticas...
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Ganda calhau!!
Cercanias de Palência. |
Nem só de logros canoísticos vive o homem... E no último fim de semana tocou-me ir à montanha.
O amigo Joel e eu andamos o verão todo a adiar uma desejada ida aos Picos da Europa (Astúrias, Espanha), mas ou estávamos em baixo de forma, ou chovia, ou havia muita gente, ou não dava jeito, ou... o raio... Com verão já a acabar, apontamos o feriado do 5 de Outubro, na verdade decidimos na véspera, a previsão da meteo era do melhor.
Às duas da manhã estávamos na rotunda norte de Fátima prontos a andar, não sem antes ter soprado no balão da GNR, mesmo à porta da minha casa.
Garganta de Cares. |
Oito horas de auto-estradas e auto-vias e estávamos em Sotres a pôr as mochilas às costas.
Duas horas e meia a subir, 810m de desnível e estávamos na base do Naranjo de Bulnes.
Face Oeste do Naranjo de Bulnes, um dos maiores monólitos do Mundo e um ícone na escalada mundial. |
Refúgio Vega Urriello, todo o conforto mesmo na base do calhau. |
Tradicionalmente, os refúgios de montanha servem para dar guarida aos montanhistas, para os proteger das inclemências da montanha... Aos poucos, e à medida que as montanhas vão sendo cada vez mais frequentadas, vão-se transformando em pequenos hotéis, onde, pagando, há de tudo. As federações de montanha vão explorando os potências económicos destes locais privilegiados Neste refúgio já não é preciso trazer nada, com o preço da dormida (12€ não federados) tem-se direito a um par de Crocs para não ir de botas para o quarto, e um saco do IKEA com uma almofada e um edredon com capas.
Pagando, tem-se também duche de água quente, pequeno almoço, almoço e jantar, garrafa de vinho, café, cerveja ou coca-cola. À borla tem-se companhia na cama, os quartos são camaratas com beliches onde cabem cinco ou seis pessoas lado a lado, eu dormi entre o Joel e uma inglesa de dois metros de altura com o cabelo vermelho! no nosso quarto fala-se pelo menos quatro línguas diferentes.
Mas quem quiser pode acampar na rua, por enquanto...
Antes de sermos repreendidos por usar o fogão! cozinhar tem de ser na rua! novas regras da federação. Como será que fazem no inverno? |
Rebecos, sobem a todos os cumes dos Picos menos a este, o Naranjo de Bulnes. |
O Naranjo é uma parede cheia de histórias. A sua silhueta monolítica é o emblema da montanha espanhola. Um pico inexpugnável onde não é possível aceder sem ser escalando. A face Oeste com os seus 500m é super vertical, foi e continua a ser motivo de cobiça pelos melhores escaladores do mundo
Cordadas lendárias traçaram aqui as suas vias: em 1962, Rabadá-Navarro sobem pela primeira vez a face Oeste; mais recentemente, em 2009, os irmãos Iker e Eneko Pou, que consideraram a sua via Orbayu a mais difícil do mundo numa parede desta dimensão; pouco depois, outro famoso, Nico Favresse, disse que afinal a via deles não era assim tão difícil, polémica para vender na imprensa da especialidade. Poucos dias depois da repetição, o companheiro de Nico, o Polaco Adam Pustelnik, parte uma presa e arranca três proteções, cai diretamente ao chão de 20m de altura e tem férias prolongadas no hospital.
Também portugueses deixaram aqui o seu nome: Francisco Ataíde e Sérgio Martins em 1996 abrem a via Quinto Império 8b, uma via dificílima e de excelente qualidade, apenas repetida pelos melhores.
Existe aqui uma via, Sonhos de inverno, que foi aberta durante o inverno, durante cerca de 70 dias, que é o recorde mundial de permanência em parede, 69 bivaques, sem vir ao chão a dormir em tendas suspensas e com temperaturas bem negativas!
Atualmente existem cerca de 70 vias diferentes para subir pelas diversas faces.
Em Dezembro 1997, acompanhei o ilustre escalador Paulo Roxo na tentativa de abrir uma nova via pela face norte da Parede, mas não chegamos a fazer cocegas à parede, abrimos um largo e meio... mais tarde uma cordada, acho que de polacos, abriu a nossa linha.
Também portugueses deixaram aqui o seu nome: Francisco Ataíde e Sérgio Martins em 1996 abrem a via Quinto Império 8b, uma via dificílima e de excelente qualidade, apenas repetida pelos melhores.
Existe aqui uma via, Sonhos de inverno, que foi aberta durante o inverno, durante cerca de 70 dias, que é o recorde mundial de permanência em parede, 69 bivaques, sem vir ao chão a dormir em tendas suspensas e com temperaturas bem negativas!
Atualmente existem cerca de 70 vias diferentes para subir pelas diversas faces.
Em Dezembro 1997, acompanhei o ilustre escalador Paulo Roxo na tentativa de abrir uma nova via pela face norte da Parede, mas não chegamos a fazer cocegas à parede, abrimos um largo e meio... mais tarde uma cordada, acho que de polacos, abriu a nossa linha.
A gélida face norte em 1997. |
Paulo Roxo num penoso acesso com muita carga em 1997. |
No inverno de 1997. |
![]() |
Eu no topo em 1994, era bem mais novo! |
Joel Vieira no primeiro largo da via Murciana. |
Desta vez não ficamos com grande história para contar. A meio da noite, enquanto era esborrachado entre o Joel e a inglesa de cabelos vermelhos, comecei a ouvir vento lá fora, entre acordar e adormecer fui pensado que devia ser um vento fraco, - faz tanto barulho por causa dos painéis solares... pensava eu a tentar convencer-me. Quando amanheceu saí lá fora e vi que de facto o vento era forte, muito forte. Ainda lá fomos e subimos o primeiro largo da via, mas, como dizem os espanhóis, no estabamos a gusto. Não nos conseguíamos ouvir, as mãos a gelar, e o desequilíbrio constante das rajadas...
Descemos ao refúgio, agarramos as mochilas e viemos beber umas cañas à aldeia de Sotres.
Descemos ao refúgio, agarramos as mochilas e viemos beber umas cañas à aldeia de Sotres.
Ficam umas belas fotos, a vontade de voltar para o próximo verão, mais 1600 km na Berlingo e a confirmação que este é um ganda calhau!!
Quero viver numa assim... |
...estoupraver...
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